O desconhecido em mim

O desconhecido em mim
Odesconhecido em mim

segunda-feira, 29 de julho de 2013

AUTOPSICOGRAFIA

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Fernando Pessoa

segunda-feira, 15 de julho de 2013

SE ME PERGUNTARES

SE ME PERGUNTARES
Se me perguntares
Quem sou eu
Cavada de bexiga de maldade
Com um sorriso sinistro
Nada te direi
Nada te direi
Mostrarte-ei as cicatrizes de séculos
Que sulcam as minhas costas negras
Olhar-te-ei com olhos de ódio
Vermelhos de sangue vertido durante séculos
Mostrar-te-ei minha palhota de capim
A cair sem reparação
Levar-te-ei às plantações
Onde sol a sol
Me encontro dobrado sobre o solo
Enquanto trabalho árduo
Mastiga meu tempo
Levar-te-ei aos campos cheios de gente
Onde gente respira miséria em toda a hora
Nada te direi
Mostrar-te-ei somente isto
E depois
Mostrar-te-ei os corpos do meu Povo
Tombados por metralhadoras traiçoeiras,
Palhotas queimadas por gente tua
Nada te direi
E saberá porque luto.

Moçambique, 1977
Armando Guebuza

AS TUAS DORES

AS TUAS DORES

                   As tuas dores
                   mais as minhas dores
                   vão estrangular a opressão

                   Os teus olhos
                   mais os meus olhos
                   vão falando da revolta

                   A tua cicatriz
                   mais a minha cicatriz
                   vão lembrando o chicote

                   As minha mãos
                   mais as tuas mãos
                   vão pegando em armas

                   A minha força
                   mais a tua força
                   vão vencer o imperialismo

                   O meu sangue
                   mais o teu sangue
                   vão regar a Vitória.
                                        Armando Guebuza

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O poeta de lirica vagabunda

Sentado invisível, num jardim ou numa praça,
As feridas em si , as escreve com lagrimas…
…Sem rigor, sem estilos e sem rimas…
…Sem delicadeza, sem beleza e com pouca despeza  escreve poemas de nova raça…

Com longos versos e curtas estrofes, escreve de todo jeito em jeito de criança,
… não escreve por vontade, gosto ou inclinação…
…escreve sempre e escreve muito, por falta de opção!
… pobre nobre que escreve de graça!

Sonha com milhões e acorda com tustões…
Escreve para centenas, os que lêem , são nem as dezenas…
É sofrida a vida de um poeta de lirica vagabunda!
Matias Ugeno

terça-feira, 18 de junho de 2013

Parte de ti


Parte de ti

No vai e vem das ondas...
lá estás tu a cantar,
No nascer de cada dia...
brilha sempre o teu olhar
No brotar de cada flor...
nasce um sorriso teu
Cada lágrima que cai dos teus olhos,
simboliza a pureza do teu coração
Sinto a suavidade das nuvens...
em cada toque teu
Querendo tu ou não, farei parte de ti,
pois enquanto houver rosas, espinhos existirão
F.T

Tu e ela


Tu e ela

A estrela que faço brilhar em meu olhar,
o tempo levou longe de mim.
Mas deu-me a lua cheia
e cheia de amar para me dar,
porque o amor não cabe em si.
O amor que hoje partilho calorosamente
me torna um pássaro, me faz voar,
mas não costumo voar sozinho.
Porque sozinho não posso partilhar amor.
Os sonhos que eu tinha foram apagados
e foram escrtinas novas páginas da minha vida,
mas, esses sonhos nos mant­ém abraçados
Por que ao contrário de ti, ela não é uma miragem
Francisco Tivane


quinta-feira, 13 de junho de 2013

O obscuro em mim



O obscuro em mim

Mais uma vez rumino no abismo da minha ignorância
Mais uma vez encaro o obscuro e desconhecido em mim
Mais uma vez entre duvidas e medos deparo com a minha inconfessada cobardia
Mais uma vez  acho refugio nos meus pequenos tesouros

Procuro frustrado consolo na minha oscilante e fingida inteligência
Procuro  o meu real ser com desespero sem fim
Procuro entre pensamentos e sentimentos o alivio da sensação de ser incompleto
Procuro sozinho pois os deuses são surdos e mudos…

Matias Ugeno

Ontem e hoje



Ontem e hoje

Hoje choro de saudades
Por que um dia pude sorrir com a tua presença
Um dia pude viver o presente
Mas hoje tenho que conviver com as lembranças

Só por olhar em teus olhos, podia dizer que te amava
Hoje rezo para que o vento te traga o recado
A escuridão trazia a luz que nos unia
Hoje, ela apenas me traz o teu retrato

Bastava ver o sol brilhar para saber que sorrias para mim
Hoje para ver o teu sorriso tenho que fechar os olhos

Francisco Tivane

Em noites em branco




Em noites em branco

Foram muitas noites em branco...
em que abracei a solidão,
Solidão essa
que se vai após cada abraço
que recebo de ti.
Foram noites em branco...
Sobre o olhar fixo da lua,
á quem contei os meus segredos,
e me vendo triste...
silenciosamente me consolou.
Noites em branco...em que aprendi,
que...mil vezes
UM AMIGO DISTANTE,
do que...
UM INIMIGO PRÓXIMO,
por que o que nos pode separar
não é a distância, mas sim...
a inexistência de um de nós!

Francisco Tivane